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de março de 2012, às 11h33min
É brincando que se
aprende
Descubra como os
jogos educativos ajudam no desenvolvimento de habilidades essenciais para o
trabalho
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Por Mayara Emmily,
Revista Administradores
Raciocínio
lógico, criatividade e capacidade de trabalho em equipe são algumas das
características fundamentais para que o indivíduo tenha habilidade para lidar
bem com problemas cotidianos. Além disso, são qualidades cada vez mais exigidas
dos profissionais no mercado de trabalho, pois as empresas buscam funcionários
que apontem soluções diante de desafios e sejam dinâmicos e eficientes no
planejamento e na execução de projetos em grupo.
Por esses motivos é importante que o indivíduo desenvolva
estas e outras habilidades desde cedo, ou mesmo em outras fases da vida, por
meio de ferramentas de estímulo como as brincadeiras e os jogos educativos, que
auxiliam na formação e no aprendizado em casa, na escola, no ambiente de
trabalho, entre outros espaços.
Os benefícios dos
jogos educativos
A pedagoga Alexandra Lorandi Macedo, pós-doutoranda em
Informática na Educação pela UFRGS, afirma que o jogo deve ter qualidade para
ajudar na melhora do raciocínio e cita as características que determinam sua
eficiência: "Um bom jogo deve ter objetivos claros a serem alcançados e
simples de serem entendidos; deve proporcionar o desenvolvimento de estratégias
com resultados incertos, favorecendo a construção de estratégias e hipóteses.
Isso fará com que o jogador planeje, teste, avalie o resultado e reestruture
sua ação".
Ela
também ressalta que a possibilidade de o jogador escolher o nível de
dificuldade e de acompanhar a sua evolução no jogo são importantes para
estimular habilidades como a motivação: "Isso poderá facilitar o
engajamento e a automotivação para que níveis mais complexos sejam almejados,
planejados e ultrapassados".
Os benefícios dos jogos educativos estão longe de se
restringir à fase infantil do indivíduo. Aliás, há uma crescente em jogos que
desenvolvem habilidades interpessoais: "O uso do jogo fora do horário
escolar, ou para além desta fase, pode oportunizar momentos de aprendizagem e
de lazer. Além desses aspectos, é importante destacar que também são cada vez
mais comuns jogos que proporcionam o desenvolvimento de habilidades que
priorizam o trabalho coletivo. Esta é uma demanda emergente nas empresas, e as
estratégias construídas nos jogos podem ser aliadas para apoiar trabalhos em
equipe também em contextos profissionais", destaca Alexandra.
O desenvolvimento do trabalho coletivo também é uma
importante função do jogo educativo, de acordo com a pedagoga Leticia Machado,
doutoranda em Informática na Educação pela UFRGS. Ela afirma que, se trabalhado
desde criança até a adolescência, o jogo educativo poderá, além de ajudar em
questões como trabalho cooperativo, influenciar no raciocínio lógico e na
percepção. Ela ainda explica que os jogos educativos têm uma importante função
na vida infantil: "A criança desde pequena está acostumada a brincar e
aprender com experimentos e imitações do cotidiano. Quando entra na escola o
ato de brincar é deixado de lado, o que acaba desmotivando o aluno. O uso de
jogos educativos possibilita desenvolver o abstrato, o lúdico e a imaginação da
criança. É possível trabalhar com reflexão, análise e a criatividade da
criança, além de desenvolver regras a partir da mediação do erro e da
perda".
A questão do erro e da derrota no jogo, de acordo com a
psicóloga Acácia Angeli, doutora em Psicologia Escolar
e do Desenvolvimento Humano pela USP, é fundamental nas estratégias de aprendizagem
metacognitivas, propiciadas pelos jogos educativos: "Com as estratégias
metacognitivas, a percepção do erro e das dificuldades são fundamentais para
que a criança reveja suas decisões, identifique porque errou e retome desse
ponto com novas formas de abordagem das atividades, pensando e refazendo mais
devagar, planejando com mais cuidado, etc".
Jogos para todos e
para tudo
Mas não são apenas os jogos tipicamente classificados como
educativos que trazem benefícios. Muitos daqueles tidos como simples entretenimento
podem criar habilidades intrínsecas nos futuros profissionais. E exemplos não
faltam: Jogos de tabuleiro como Monopoly e Jogo da Vida auxiliam na questão de
aprender a lidar com o dinheiro e com as finanças. O Imagem & Ação
desenvolve a criatividade e pode ajudar no combate à timidez e jogos como
Perfil e Quest ajudam na capacidade de antecipar situações, além de enriquecer
o conhecimentos geral aos participantes.
Existe até vídeo-game que virou disciplina em várias
universidades norte-americanas de Administração e Economia. De acordo com Mate
Poling da Universidade da Flórida, o jogo de estratégia e ficção científica
"Starcraft: Wings of Liberty" gerencia diversas unidades e grupos com
diferentes capacidades, sendo semelhante ao cenário cotidiano do mundo dos
negócios e do trabalho de um administrador.
Além de utilizar jogos com crianças e adolescentes, também
é aconselhável por muitos especialistas o uso com pessoas idosas. "No
processo de envelhecimento algumas funções fisiológicas na terceira idade são
prejudicadas. O uso de jogos, como xadrez ou palavras-cruzadas online poderão
beneficiar a velhice, principalmente no que tange à memória", relata a
pedagoga Leticia Machado.
A psicóloga Acácia Angeli também explicou como agem os
jogos educativos na construção das habilidades: "Os jogos acionam os
processos cognitivos em geral, pois mobilizam várias das habilidades envolvidas
- atenção (seletiva, concentrada e sustentada), memória e tomada de decisão.
Vale ressaltar que o raciocínio, que é um dos elementos essenciais da cognição,
também é acionado para que a resposta ao jogo seja dada de forma bem sucedida.
Realmente, o velho ditado de que 'é brincando que se aprende' está mais em voga
do que nunca".
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